Olá leitores,
Posso estar por fora, mas até pouco tempo não sabia quem era Dorothy Kilgallen. Possivelmente você também não saiba quem ela foi. Por essa razão, decidi trazer para esta edição da #Evidenciando o pouco que descobri sobre ela. Quem sabe sua história exerça em você a mesma curiosidade que exerceu em mim.
Foi lendo o livro de memórias do autor e roteirista Sidney Sheldon, O outro lado de mim, que me deparei com essa personagem, no primeiro parágrafo do capítulo 15. O trecho que transcrevo a seguir chamou atenção, instigando a minha curiosidade.
Dorothy Kilgallen era uma mulher criativa, brilhante, com muito senso de humor. Era uma alegria trabalhar com ela.
Tendo ficado famosa primeiro como repórter policial, Dorothy se tornou uma colunista influente da Broadway e de Hollywood.
Uma repórter policial na década de 1950? Desconhecia o nome, mas ao ler repórter policial sabia que precisava investigar. Interrompi a leitura, abri o computador e digitei seu nome no navegador de busca.
Primeira parada: Wikipedia.
Um resumão da vida e feitos de Kilgallen pipocou na tela. Para Sheldon, com quem assinou roteiros de espetáculos da Broadway, Kilgallen era uma mulher brilhante. Ao mesmo tempo, sua história mostra que ela incomodou muita gente em razão das investigações criminais que realizou, e também pela coluna de fofocas sobre o mundo das celebridades que assinou durante anos, para dezenas de jornais, comprando briga com mafiosos, políticos e artistas como Frank Sinatra, Marilyn Monroe e Elvis Presley.
Da citação mencionada acima, omiti, propositalmente, um trecho importante, o que mais atraiu a minha atenção, o que foi determinante para pesquisar e escrever essas linhas.
Sua excelente reportagem investigativa foi crucial para garantir um novo julgamento ao Dr. Sam Shepard, em cujo caso de assassinato se baseou O fugitivo.
— Como assim! — exclamei.
Em julho de 1954, o médico Sam Shepard fora acusado de matar a esposa, grávida de quatro meses. A maneira brutal pela qual Marilyn Shepard fora assassinada chocou a sociedade. A polícia e a justiça precisavam dar uma resposta urgente para o caso midiático que havia surgido. Com provas rasas, obscuras e ignorando a versão de Shepard que jurava inocência e dizia ter tido a casa invadida, ele fora preso, tornou-se réu e foi condenado, pouco tempo após o crime.
Desde o início, Kilgallen cobriu o julgamento de Shepard. Escreveu colunas em que expressava suas dúvidas sobre a culpabilidade do acusado. Ela foi uma das poucas jornalistas a questionar publicamente a condenação dele e a própria justiça do julgamento.
Kilgallen entrevistou Shepard na prisão, e o apoiou ao longo dos anos. Seu trabalho investigativo foi determinante para que, em 1966, a Suprema Corte dos Estados Unidos anulasse a condenação de Shepard, justificando a publicidade nociva do caso. O médico fora submetido a um segundo julgamento, e inocentado. Pena que, esse desfecho, Kilgallen não testemunhou, ela havia falecido no ano anterior. Já chego nos detalhes questionáveis sobre a morte dela.
Kilgallen era conhecida por sua inteligência afiada e habilidades investigativas. Ela cobriu vários eventos importantes ao longo da vida, incluindo a Segunda Guerra Mundial e o julgamento de Jack Ruby, o homem que matou Lee Harvey Oswald, o suspeito do assassinato do presidente John F. Kennedy.
Kilgallen e o caso de Kennedy
Assim que John F. Kennedy foi assassinado e as narrativas sobre as motivações de Lee Harvey Oswald começaram, Kilgallen aventurou-se a cobrir o caso. Visitou Jack Ruby na prisão, e durante a entrevista, ele teria afirmado possuir informações exclusivas que “chocariam o mundo” sobre o caso Kennedy, porém, Kilgallen morreu sob circunstâncias misteriosas em 1965, antes de compartilhar tais informações. A verdade é que nunca se soube se Ruby chegou a revelar a ela o que dizia saber.
A morte de Kilgallen
A jornalista faleceu em novembro de 1965, aos 52 anos, em sua cobertura em Manhattan. A causa da morte registrada pela perícia foi a mistura letal de pequenas doses de bebidas alcólicas e sedativos para dormir. Considerada, inicialmente, uma overdose acidental, algumas teorias da conspiração sugeriram que ela teria sido silenciada devido ao seu envolvimento na investigação do assassinato de Kennedy. Em algumas fontes pesquisadas, essas alegações nunca foram comprovadas, mas não é o que afirma o autor Mark Shaw, em seu livro The Reporter Who Knew Too Much (A repórter que sabia demais).
Baixei o audiobook e pretendo escutá-lo a caminho de Tiradentes, para participar da FLITI, Feira Literária de Tiradentes. Olha essa Sinopse. É ou não é um tema instigante?
A estrela de TV What's My Line, ícone da mídia, excelente repórter investigativa e jornalista Dorothy Kilgallen foi assassinada por escrever um livro que conta tudo sobre o assassinato de JFK? Em caso afirmativo, o principal suspeito da sua morte ainda está foragido?
Essas perguntas e muito mais são respondidas no 25º livro de Mark Shaw, The Reporter Who Knew Too Much. Através da descoberta de entrevistas de testemunhas oculares gravadas em vídeo nunca antes vistas com pessoas mais próximas de Kilgallen e documentos secretos do governo, Shaw revela o “whodunit” do mistérioso assassinato que tem suspeitos como Frank Sinatra, J. Edgar Hoover, o mafioso Don Carlos Marcello e um "Homem Misterioso" que pode ter silenciado Kilgallen. Ao mesmo tempo, apresentando através dos olhos de Kilgallen as evidências mais convincentes sobre os assassinatos de JFK desde a investigação do Comitê Seleto da Câmara sobre Assassinatos na década de 1970.
Chamada pelo New York Post de "a voz feminina mais poderosa da América" e pelo aclamado autor Mark Lane como "o único jornalista sério na América que estava preocupado com quem matou John Kennedy e com todos os fatos sobre o assassinato". A causa oficial da morte de Kilgallen, relatada como uma overdose de barbitúricos combinados com álcool, sempre foi suspeita, uma vez que nenhuma investigação ocorreu, apesar da cena da morte ter sido encenada. Shaw prova que Kilgallen, uma mulher notável que quebrou o "teto de vidro" antes que o termo se tornasse moda, teve negada a justiça que merecia, isto é, até agora.
Eu sou Luciana de Gnone, autora de ficção policial. Tenho seis livros publicados, todos protagonizados por mulheres.
Referências dessa edição:
Sheldon, Sidney (2005). O Outro Lado de Mim. Tradução Ana Luiza Dantas Borges. - Editora Record. p. 149. ISBN 85-01-07343-1
Lu, eu já tinha ouvido falar dela, mas você me trouxe riqueza de detalhes. Muito interessante, gostei muito de seu texto. Se te conheço um pouco, acho que uma sementinha está plantada aí, não é?