Olá leitores,
Fui convidada pelo programa Autores e Livros, da Rádio Senado, para contar como foi a minha experiência na FLIP 2023, que aconteceu entre os dias 22 e 26 de novembro. Com base no texto que enviei para eles, resolvi detalhar um tantinho mais e escrever a edição do #evidenciando desta semana.
Para começar, posso dizer que vivi situações opostas em diversos momentos. Calor excessivo nos primeiros dias, friozinho nos últimos. O sol radiante alternava com chuvas insistentes. Na noite de quinta-feira, um apagão nos pegou de surpresa, deixando a cidade na escuridão por quatro horas, provando o que todo mundo já sabia: Paraty não tem estrutura para receber tantas pessoas nessa época do ano, quando o calor é intenso e inúmeros aparelhos de ar-condicionado permanecem ligados ao mesmo tempo.
As lojas e restaurantes foram obrigados a fechar as portas em um dia de grande movimento na cidade. Somente alguns poucos precavidos, que tinham geradores próprios, lucraram naquela noite. As programações literárias também foram afetadas. Muitos lugares cancelaram os últimos eventos, mas alguns conseguiram improvisar. Foi o caso da casa janela + mapa.lab que às 19h tinha programado um sarau de poesia, o qual aconteceu em um clima romântico à luz de velas.
"Nada é por acaso, e tudo pode ser transformado em uma coisa encantadora" - Bianca Ramoneda, artista
Mas nem só de escuridão viveram os participantes da FLIP. No dia seguinte ao apagão, ao final da mesa “O caminho para a Lista dos Mais Vendidos", oferecido pela casa PublishNews, Wendel Isler (Cataventos Livros) pediu Andrea Guatiello (Alta Books) em casamento. Sem dúvida, Wendel soube criar o momento fofo da FLIP, e felizmente eu estava lá para testemunhar.
A FLIP também levou as minhas próprias emoções ao extremo. Fui do entusiasmo, por sentir que pertenço a uma comunidade que ama livros, à frustração, por ter chegado a menos de um metro da Conceição Evaristo, segurando um exemplar de Olhos D’água, e ser informada de que ela não autografaria mais nenhum livro por estar atrasada para um outro compromisso. Nem meu olhar pedinte de “Gato de Botas” foi suficiente para convencer sua assessora, e olha que não tinha mais ninguém atrás de mim, enfim…
Escutei da Martha Ribas (Livraria Janela) que a FLIP é a micareta dos autores. O bacana é que o evento é democrático. Cada um faz o que gosta, se junta com quem quer, e se relaciona com quem tem afinidade. Eu tentei fazer o meu dever de casa previamente. À medida que a programação das casas parceiras ia sendo divulgada, anotava na agenda, mas não demorou para que surgissem conflitos com os horários. Nem se eu tivesse quinze clones daria conta de atender a tudo que desejava.
Destaco a minha participação na Casa Philos, na qual dividi a mesa com as autoras Vanessa Passos e Suzana Amorim. Com mediação da Dani Costa Russo, debatemos sobre Dramas Familiares, incluindo alguns temas abordados no meu último lançamento: Aquilo que nunca soube, um suspense psicológico que traz a alienação parental como pano de fundo da trama.
A casa janela + mapa.lab apresentou a coleção aqui + agora: dezoito plaquetes publicadas pelo selo janela + map lab. Para quem não sabe, as plaquetes surgiram no século XVI em um formato impresso de pequenas tiragens para a circulação de ideias.
Foi com esse mesmo propósito que o projeto da editora nasceu. Reunindo vozes, estilos, e eternizando pensamentos de autores contemporâneos com textos curtos e intensos. Nesta primeira tiragem, as plaquetes contaram com nomes como Maria Ribeiro, Marcelo Moutinho, Bianca Ramoneda e Paula Gicovate, além de outros autores, que também estiveram presentes debatendo seus textos, incluindo a editora Camila Perlingeiro que estreia na ficção com sua plaquete Fragmentos sobre o fim do amor.
Na mesma casa, assisti a gravação de um episódio inédito da Rádio Novelo, o que foi uma experiência incrível, especialmente sendo fã do conteúdo que eles produzem. O episódio, abordando a popularização e inclusão no dicionário da palavra "maracutaia", será transmitido em breve. Recomendo ficarem atentos à data. É imperdível.
Outro momento marcante na casa janela + mapa.lab foi o bate-papo entre Andrea Pachá e a talentosa atriz e escritora Raquel Iantas. A conversa girou em torno do livro de estreia da autora, "Irina". Já tive a oportunidade de assistir à leitura dramática da autora na FLITI, em Tiradentes, e mais uma vez ela me emocionou.
Como autora de ficção policial, prestigiei os escritores Raphael Montes e Bruno Ribeiro na casa Libre + Graviola Digital, onde mergulhamos em uma discussão fascinante sobre crimes e literatura. Ainda na atmosfera da investigação, na casa Pagã, aconteceu o encontro com os autores Luiza Romão, Cristhiano Aguiar e Fábio Furuzato, que com a mediação de Anita Deak falaram sobre mistério, crime e realismo fantástico.
Fernando Sabino foi homenageado pela Casa Redord, que abriu sua programação com uma mesa especial, contando com a participação de Bernardo Sabino e Adauto Leva. O bate-papo foi mediado pelo editor Rodrigo Lacerda.
A editora Record celebrou a criação do novo selo do grupo, AmarCord, com uma festa animada na noite de sexta-feira. O selo presta tributo a narrativas incomuns, e os leitores puderam conhecer os três primeiros títulos, dentre eles, o livro “Mau hábito” da autora Alana Portero, que também participou da programação oficial da Flip.
Algumas casas deram espaço para autores independente como a Casa Gueto, a Casa Escreva, Garota, e o Espaço Leia Mais, onde tive o privilégio de finalizar a minha participação na festa com o sarau “Elas na voz e na vez". Éramos dez autoras, vindas dos quatro cantos do país, de diferentes estilos e gêneros literários, mas todas soltando as vozes.
Fico devendo essa foto que ainda não recebi, mas em breve colocarei no meu perfil no Instagram, se você ainda não me segue por lá, aproveita e clica no link