Bam! Escutaram um estampido no interior da 12ª DP, em Copacabana.
— Foi tiro! — Iolanda gritou, ao mesmo tempo que tirou a arma do coldre preso à cintura.
Olá leitores,
Você está familiarizado com a citação acima? Se sim, bacana, agradeço imensamente por isso. Se não, está na hora de conhecer o livro Crimes em Copacabana: caçada ao dono da Babilônia. Publicado na versão digital em agosto de 2022, foi best-seller na Amazon em apenas 5 horas de vendas. Um ano após o sucesso digital, a versão física foi publicada pela Editora Letramento.
Para quem não conhece o Rio de Janeiro, preciso esclarecer que Babilônia, citado no subtítulo da obra, é o nome do morro localizado entre os bairros de Botafogo, Urca, Leme e Copacabana, e que abriga duas favelas: a do Morro da Babilônia (habitat do personagem Touro Bravo) e Chapéu Mangueira.
Esta é uma edição especial da newsletter #evidenciando, sobre os bastidores, as curiosidades e inspirações da obra que tem dois lançamentos programados para os próximos dias.
A citação do início deste texto refere-se as duas primeiras frases do livro, mostrando que a narrativa começa com uma baita cena de ação, e antes de qualquer coisa, para você entrar no clima, te convido a assistir o booktrailer e mergulhar na atmosfera da história.
POR QUE ESCREVER SOBRE COPACABANA?
Para responder a essa pergunta, preciso contar um pouco a minha trajetória. Meus pais se separaram em 1980. Morávamos em Brasília, onde nasci, e para dar uma guinada na vida minha mãe catou as três filhas pequenas e regressou ao Rio de Janeiro, sua cidade natal, e lugar onde minha avó materna vivia.
Eu tinha acabado de completar cinco anos de idade e ainda tenho flashes de lembranças da festinha na piscina da casa em que vivíamos na capital federal. Com a primaiada reunida, brincamos, corremos, comemos brigadeiros e bolo gelado de chocolate.
De um dia para o outro, não era mais a piscina que me refrescava no quintal de casa, mas o marzão, de água gelada, da praia de Copacabana, especificamente da praia do Leme, nosso primeiro endereço na cidade maravilhosa.
Copacabana fez parte da minha infância, e não foi à toa que o escolhi para ambientar o livro. Tenho inúmeras recordações do bairro. Lugares icônicos que quatro décadas mais tarde ainda permanecem vivos, como o restaurante Taberna Atlântica, inaugurado em 1945, localizado no mesmo endereço desde então: Av. Atlântica 958.
Ao se aproximarem da Taberna Atlântica, ela viu que os pais já estavam na mesa cativa e eram atendidos por Jorge, o garçom que trabalhava há mais de vinte anos no restaurante.
(Trecho do livro, capítulo Desculpas Sinceras)
Também incluí na narrativa as lembranças que tenho do furdunço causado pela primeira loja do McDonald’s da América Latina, na Rua Hilário de Gouveia a poucos metros de distância da 12ª DP de Copacabana. Se você tem mais de quarenta anos, sei que lembra da música “Dois hambúrgueres, alface, queijo, molho especial, ….”, e se viveu no Rio naquela época, possivelmente cantou o jingle em troca de brindes apetitosos.
Foi pensando nisso que criei uma cena dentro da lanchonete, no capítulo Novo Parceiro. Além do presente para os leitores nostálgicos que degustaram da novidade naqueles tempos, também trouxe um mimo especial para aqueles que leram o thriller Evidência 7: segredo codificado (2021), um crossover1 criativo entre as duas histórias.
Posso dizer que a célula-tronco desta narrativa é a cena em que descrevo a invasão ao apartamento trezentos e cinco. Inserida no capítulo de mesmo nome, foi inspirada em um dos fatos mais marcantes da minha infância, quando lá em mil novecentos e lá vai conchinha, o apartamento em que morávamos foi invadido por bandidos. Para integrar a história fictícia, o acontecimento real recebeu uma roupagem nova, mas manteve a essência dos fatos, inclusive o mesmo número do apartamento situado no edifício Merlin, no Leme, o ilustrado na capa do livro.
Além de tudo que já foi dito, preciso ressaltar que Luiz Alfredo Garcia-Roza foi, e sempre será, uma grande referência para o meu trabalho. Então, ambientar a trama em Copacabana é uma maneira de prestar uma homenagem ao grande romancista da literatura policial nacional. Criador do delegado Espinosa, personagem que considero um dos maiores de todos os tempos. Gosto literário é algo particular, mas se existe uma unanimidade entre os entusiastas da ficção policial é a admiração por Garcia-Roza.
Finalizo esse texto, reiterando o convite para participar dos lançamentos do livro no Rio de Janeiro e em Brasília, que acontecerão nos dias 6 e dia 13 de dezembro, respectivamente.
No Rio, terei o prazer de bater um papo com Martha Ribas, sócia da Janela Livraria e amante do gênero policial. Em Brasília, a conversa será com o apresentador do programa Autores e Livros da Rádio Senado, Anderson Mendanha, também um admirador do gênero. Em ambas as ocasiões, conversaremos sobre ficção policial e protagonismo feminino.
Um crossover é a colocação de dois ou mais personagens, cenários ou universos de ficção distintos con contexto de uma única história.
Lu, adorei essa newsletter. Eu me senti no Rio e no clima que você criou para o seu livro.
Desejo muito sucesso no seu lançamento! Você está no caminho certo!
Uai, Lu, agora lendo os bastidores da sua obra dá pra entender o porquê de tocarmos com as mãos e sentirmos o pulso ["que ainda pulsa"] de seus personagens. Seus romances, a exemplo de seu guru, Luiz Alfredo Garcia-Roza, têm texto [bem escrito], foco e boa história, num lugar lindo [Copacabana], que pretendo conhecer. Quase parei de ler o seu livro no bang-bang do início. Mas depois eu percebi que, independentemente do gênero, se tratava de uma escritora que conhecia o seu ofício. E mais que isso: escrevia com tesão, criatividade e sangue nas veias. Você é ótima, Lu. Eu torço para o seu sucesso. E ele virá. Você tem plantado trigo. E há de colher o seu pão.